quarta-feira, 13 de maio de 2015

Leões x Hienas x Urubus

As batatas não estão assando, já estão fritas no petrolão:
Eduardo Cunha foi autor de documentos para recebimento de propina

A guerrilheira que ia às ruas e era torturada por dar a cara para bater na época da ditadura agora, que é a presidente do país, se esconde no palácio como Rapunzel e já nem faz pronunciamentos públicos com medo do panelaço.
O Martin Luther King da América Latina, pai dos trabalhadores e dos pobres, mais conhecido como Lula, também foi desmentido por seu companheiro Mujica, presidente uruguaio em sua biografia, na qual afirma que Lula ‘convivia com coisas ilegais’ e tinha ciência disso.
Ou seja, sabia do mensalão ao contrário do que alegava. Assim, talvez, não seja necessário o mandato de Dilma continuar como está para derrubar a popularidade do ex presidente para as próximas eleições, talvez brechas do seu passado o condenem por si só.
Renan Calheiros, presidente do Senado, acusado no passado de inúmeros escândalos de corrupção, agora atira para todos os lados, em Dilma, Lula, Aécio, Eduardo Cunha, Temer e PMDB. Critica a articulação política de Temer, que troca cargos comissionados por aprovação de leis de interesse do PT. Interesse do PT, do Temer, do  PMDB. Alguém ainda deveria se preocupar com os interesses do país?
Eduardo Cunha quer autonomia, Calheiros quer autonomia, o PMDB quer autonomia, a oposição quer autonomia. E no fim da história, entre tantas cabeças agindo por si só, o país segue como um trabalhador autônomo. Ao sabor do mercado e da sorte, sem chefe, sem planejamento, sem previsões – sem esperanças, ou soaria muito lírico?
Se já seria difícil superar os obstáculos dessa corrida contra a recessão com uma direção e um líder definidos, agora com os comandantes se anulando  ou não encontrando pontos convergentes, sem rumo e sem a quem seguir, acertar os caminhos das pedras passa do status de missão árdua para loteria.
E num jogo de seis números, cada um quer apostar em um número diferente, sem lógica, sem critério. E a cada sorteio que acontece, ao contrário da mega sena, não há um sortudo que ganhe milhões, há milhões de brasileiros azarados perdendo seu último centavo a cada rodada, a troco de incompetência na gestão das finanças públicas – e também de ignorância na escolha dos representantes, vamos compartilhar a culpa.
Documentos recolhidos pela Procuradoria Geral da República atestam que o Deputado Eduardo Cunha, senhor presidente da Câmara, foi o autor de vários protocolos de investigação de empreiteiras envolvidas com a lava-jato. Os documentos, como mostra reportagem d’O Globo, segundo a delação do doleiro Alberto Youssef, foram utilizados para que os empreendimentos retomassem o pagamento de propina ao PMDB e ao deputado.
Embora o recolhimento dos dados de informática para  a investigação provem que Cunha foi o autor dos documentos, tanto nas versões word como em PDF, o deputado afirma não ser o autor dos mesmos, alegando que os assessores dos gabinetes usavam seu login e que eles seriam os autores desses documentos em específico.
É como o seu patrão atribuir a culpa da falência da empresa e da sonegação de impostos aos seus secretários.
Entre uma possibilidade não descartada de futura candidatura de Cunha ou Calheiros; uma chapa dantesca com Bolsonaro e Levy; um impeachment da Dilma tão aclamado quanto não embasado; PT e PSDB divididos em dezenas de feudos internos; Marina, FHC, Aécio, Lula, Serra e quem mais quiser falando todos os problemas e contribuindo em zero soluções; a queda – por enquanto apenas moral – do Eduardo Cunha é apenas mais um capítulo desta novela, deste mandato ou pesadelo que nunca acaba.
Não há heróis corajosos nem vilões carismáticos nesta novela. Os mocinhos estão inertes, acovardados e os vilões estão destruindo sem nenhuma cerimônia. Não há sequer uma honrosa tentativa de disfarçar as maldades com algum sorriso ou gesto isolado de gentileza.
No entanto, o cenário em que tanto esses mocinhos como vilões vivem é apocalíptico. Portanto, independente da posição ideológica ou hierárquica de cada personagem, a qualquer hora um terremoto ou erupção vulcânica sob a forma de delator, manifesto ou documento do word pode sugar o personagem para o fundo do poço, onde todos são iguais.
Enquanto as batatas dos políticos fritam e tudo continua acabando em pizza, nós continuamos assistindo a novela no sofá comendo pipoca ou brincando de manifestaçao política com as panelas de pipoca. Continuamos esperando a energia acabar para a TV desligar sozinha enquanto nossas artérias se entopem com tanta pizza e ‘tanto’ coxinha, em vez de nós mesmos pegar o controle remoto e dar fim à narrativa.
Mas não podemos esquecer que o fim da novela não começa quando o mocinho bobo morre, mas sim quando um dos vilões começa a sofrer os primeiros golpes. Assim, não adianta pedir pro mocinho sem personalidade sair, enquanto o real vilão não cair, o enredo não muda e nós os figurantes, continuamos obrigados a fazer parte da história, independente do rumo que ela toma.

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